quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os Últimos Vinhos de 2010

"Temperatura & pressão são dois dos mais importantes fatores nos fenômenos físico-químicos. Aqui, também são uma alegoria para duas das técnicas culinárias que exploraremos nesse blog: "Temperatura" representa o preparo dos alimentos no fogo de lenha, quer seja no forno ou na grelha, a primeira maneira que o homem usou para modificar os alimentos - uma técnica imprecisa, difícil de dominar, visceral até. "Pressão" refere-se à técnica de "Sous-Vide", a cozinha moderna de temperatura controlada, que nos permite atingir consistentemente pontos de cocção precisos, por anos apenas acessiveis à industria alimentícia. Vamos brincar hora com um, hora com outro, muito frequentemente com ambos. Vamos brincar também com o que convencionou-se chamar de "cozinha molecular" - como se toda ela já não fosse: o uso de produtos também até recentemente somento usados pela indústria alimentícia, que nos permitem explorar novas e divertidas texturas em nossas preparações. E, porque não, falar sobre um assunto que dominamos pouco, mas sobre o qual palpitamos muito: vinhos."

Esse manifesto, contido na página Porque, revelava o que eu pretendia fazer aqui. Acho que mandei razoavelmente bem por enquanto. De tudo o que prometi, porém, o que acabei fazendo menos por motivos vários foi escrever sobre vinhos. Então dedico o último post do ano a esse tema, mesmo porque surgiu uma excepcional oportunidade: cinco amigos, cinco garrafas muito especiais, e - mais importante - um momento de celebração. 




Os cinco amigos se juntaram para comer, beber e comemorar o ano; um ano de muita ralação, mas também de muitas conquistas. E isso pedia garrafas especiais.


Abrimos os trabalhos com um Chateau Certan 1983. Garrafa judiada, mostrava que tinha passado ao longo da vida por perrengues similares aos que o grupo passou durante o ano. Se mostrou, entretanto, um sobrevivente, elegante e complexo como um bom Bordeaux deve ser. Evoluiu muito rapidamente no copo, rápido demais até: após alguns minutos grande parte do caráter desapareceu. Mas até esse momento, surpreendeu.






Em seguida, um camarada um ano mais velho, porém mais bem cuidado: Chateau La Lagune 1982. Elegante, estruturado, bacana. Belo vinho.










Para fechar os tintos, o mais potente deles: do meste Bruno Giacosa, um Barbaresco 2000. Falar o quê? Espetacular...










Vieram então os dois de sobremesa, nenhum deles óbvio. Primeiro uma verdadeira peça de museu: Le Haut-Lieu 1959. 51 anos transformaram esse Vouvray doce em algo diferente; certamente muito além de seu pico, um vinho cuja raridade por si só justifica bebê-lo com reverência.  









E, para fechar a noite, o caçula: de Jurançon, na fronteira entre a França e Espanha, o Bellauc La Divine 2007. Frutas tropicais por todos os lados, vinho alegre, como convém a uma boa comemoração.








É isso, amigos. Fechamos o ano por aqui. Espero que tenham se divertido lendo, tanto quanto eu me diverti escrevendo. Em 2011 tem mais!!!!!!!!!!!!!

Um espetacular Ano Novo a todos; "que tudo se realize no ano que vai nascer".

Fui.

PS: Na verdade, ainda abrimos duas garrafas antes da virada do ano: uma Gosset Grande Réserve, e uma Moet Dom Perignon 1992. Formidable!

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